
Meu Glorioso Pecado II
Quantas horas felizes, quantos dias
nos contemplamos sem jamais trocar
uma frase! - Eu temia... Tu temias...
Mas como era expressivo nosso olhar!...
Nem uma frase! E tantas melodias
no meu, no teu silêncio, no do mar,
no do céu, no das árvores sombrias,
como tudo se amava sem falar!
Trocamos o vocábulo e (oh! tristeza!)
Quantas injúrias, que contradição
nessas palestras de alma em ciúme acesa!
Ah! se mudos ficáramos então,
não profanara o orgulho e a singeleza
das palavras sem voz do coração!
GILKA MACHADO