domingo, 4 de outubro de 2009

PECADORA

Tinha no olhar cetíneo, aveludado,
A chama cruel que arrasta os corações,

Os seios rijos eram dois brasões

Onde fulgia o simbolo do Pecado.


Bela, divina, o porte emoldurado

No mármore sublime dos contornos,

Os seios brancos, palpitantes, mornos,

Dançavam-lhe no colo perfumado.


No entanto, esta mulher de grã beleza,

Moldada pela mão da Natureza,
Tornou-se a pecadora vil. Do fado,

Do destino fatal, presa, morria

Uma noute entre as vascas da agonia

Tendo no corpo o verme do pecado!


(Augusto dos Anjos)

sábado, 1 de agosto de 2009

O OUTRO EU É DEMÔNIO

O outro eu
Sou eu
Que não me reconheço.
Que deliberadamente
Esqueço
O que na
Mente
Escondo.
Pois
Se pela parte
Que aflora
Eu respondo,
Pela que submerge
Os atos manifestos
Não seriam propriamente meus;
Pois em vez de me revelar
Deus,
Como eu desejo e sonho,
Viria à tona o que tanto temo:
Um demônio.
(jjLeandro )

terça-feira, 7 de abril de 2009

HOJE RETOMO MINHA VIDA EM MINHAS MÃOS

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente
Fernando Pessoa