domingo, 4 de outubro de 2009

PECADORA

Tinha no olhar cetíneo, aveludado,
A chama cruel que arrasta os corações,

Os seios rijos eram dois brasões

Onde fulgia o simbolo do Pecado.


Bela, divina, o porte emoldurado

No mármore sublime dos contornos,

Os seios brancos, palpitantes, mornos,

Dançavam-lhe no colo perfumado.


No entanto, esta mulher de grã beleza,

Moldada pela mão da Natureza,
Tornou-se a pecadora vil. Do fado,

Do destino fatal, presa, morria

Uma noute entre as vascas da agonia

Tendo no corpo o verme do pecado!


(Augusto dos Anjos)

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